O caso Courbert

«O que ambos os episódios revelaram de mais interessante esteve a montante e a jusante e é do domínio do debate público e não na notícia picante. Foi, por exemplo, ver como durante dias Courbet era designado por locutores e comentadores na rádio e televisão por Cubete, Curbete, Cuber, Curber, ou como o tema era comentado por gente escandalizada com a "censura" mas que se percebia à distância que não fazia a mínima ideia de quem era o autor do quadro. By the way, convém também não esquecer que a obra era mesmo na sua origem pornográfica, encomendada para fazer parte de um "gabinete erótico", e que não é líquido que o seu estatuto de obra de arte não impeça a sua exposição com reserva. Mesmo os jornais que mais espaço dedicaram ao acto "estúpido" e "ignorante" da polícia, não ousaram colocá-la na capa, como certamente não o fariam com uma fotografia de Mapplethorpe, e isso não era censura nenhuma. Passar por estas coisas com todo o simplismo de as ver apenas como uma luta entre a liberdade sem limites e a censura estúpida, é típico dos blogues, mas não devia ser típico dos jornais. Estes são editados, não são?»

José Pacheco Pereira, no Público (versão on-line aqui)

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